A violência doméstica funciona como um sistema circular – o chamado ciclo da violência doméstica – que
apresenta, regra geral, três fases:
Este ciclo é vivido pela vítima numa constante de medo, esperança e amor. Medo, em virtude da violência de que é alvo; esperança, porque acredita no arrependimento e nos pedidos de desculpa que têm lugar depois da violência; amor, porque apesar da violência, podem existir momentos positivos no relacionamento.
O ciclo da violência doméstica caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto é, pela sua repetição
sucessiva ao longo de meses ou anos, podendo ser cada vez menores as fases da tensão e de apaziguamento
e cada vez maior e mais intensa a fase do ataque violento. Em situações limite, o culminar destes episódios
poderá ser o homicídio.
1. Fase de aumento da tensão: as tensões quotidianas
acumuladas pelo/a agressor/a que este/a não sabe/consegue resolver, criam um ambiente de perigo iminente para
a vítima que é, muitas vezes, culpabilizada por tais tensões.
Sob qualquer pretexto o/a agressor/a direcciona todas as suas tensões sobre a vítima. E os
pretextos, que podem ser muito simples, são usualmente situações do quotidiano, como exemplo, acusar a vítima
de não ter cozinhado ou cozinhado com sal a mais, de ter chegado tarde a casa ou a um encontro, de ter
amantes, etc.
2. Fase do ataque violento: o/a agressor/a maltrata, física e
psicologicamente a vítima (homem ou mulher), que procura defender-se, esperando que o/a agressor/a pare e não
avance com mais violência.
Este ataque pode ser de grande intensidade, podendo a vítima por vezes ficar em estando
bastante grave, necessitando de tratamento médico, ao qual o/a agressor/a nem sempre lhe dá acesso imediato.
3. Fase do apaziguamento ou da lua-de-mel: o/a agressor/a,
depois da tensão ter sido direccionada sobre a vítima, sob a forma de violência, manifesta-lhe arrependimento
e promete que não vai voltar a ser violento/a.
Pode invocar motivos para que a vítima desculpabilize o comportamento violento, como por
exemplo, ter corrido mal o dia, ter-se embriagado ou consumido drogas; pode ainda invocar o comportamento da
vítima como motivo para o seu descontrolo. Para reforçar o seu pedido de desculpas pode tratá-la(o) com
delicadeza e tentar seduzi-la(o), fazendo-a(o) acreditar que, de facto, foi essa a última vez que ele/a se
descontrolou.
Este ciclo é vivido pela vítima numa constante de medo, esperança e amor. Medo, em virtude da violência de que é alvo; esperança, porque acredita no arrependimento e nos pedidos de desculpa que têm lugar depois da violência; amor, porque apesar da violência, podem existir momentos positivos no relacionamento.
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