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quarta-feira, dezembro 07, 2011

Excertos do livro de Catarina Fortunato de Almeida, "Ferida de amor"





"Há já algum tempo que ele não me agredia, o que me convencera de que finalmente o pesadelo tinha acabado. Não podia estar mais enganada. A Alexandra entretanto pediu para ir à casa de banho. O meu marido aproveitou a sua ausência da sala e pegou-me no braço para me levar para a cozinha. Não percebi o que ele queria e honestamente nem imaginei que me pudesse bater. Afinal estavam pessoas em casa. A ideia era tão disparatada que não me passou pela cabeça que o pudesse fazer. Mas fez. Assim que passámos a porta agarrou-me na cabeça e bateu com ela na parede.Duas, três vezes. desatei a gritar, com quanto ar tinha nos pulmões. Ele irritou-se ainda mais. Começou a dar-me pontapés, apertou-me o pescoço e começou a dar-me com a cabeça na parede, ao mesmo tempo que me insultava, chamando-me "cabra" e "puta". Estava fora de si. De repente parou. A minha amiga estava chocada. Sabia que ele me batia, mas nunca pensou que o fizesse praticamente à frente de outras pessoas. Depois gritou comigo. Disse-me que eu tinha de acabar com aquilo antes que "ele me matasse". Que era uma "vergonha", que ninguém entendia como é que eu suportava tal situação.Nem eu entendia bem. Aguentava porque, de cada vez, convencia-me a mim própria de que ele nunca mais voltaria a fazê-lo.Que seria a ultima vez."
....
" E como não fazia nada, o José Maria continuava. Cada vez com mais força, com mais falta de respeito. Já nem havia motivos, razões ou pretexto. Era violência pura, pelo simples gosto de bater-me...o meu filho disse-me que tinha medo que eu morresse. Não podem imaginar o efeito destas palavras numa mãe. É como se alguém nos acordasse de um coma profundo. Foi isso que senti. A ideia de os meus filhos poderem ficar sozinhos, sem mim, era dramática, insuportável."

CONTINUA...


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